Principais antagonistas nos últimos anos, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula têm coincidido na estratégia de evitar brigas diretas com adversários que pontuam menos em intenção de votos. Em meio à movimentação antecipada de pré-candidatos à Presidência em 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece com 43% das intenções de voto e o presidente Jair Bolsonaro tem a preferência de 26% dos eleitores.

Na simulação de segundo turno, Lula teria 56% dos votos totais e Bolsonaro, 31%. Considerado pela pesquisa o mais provável o cenário, que inclui na disputa o ex-juiz Moro, o atual governador de São Paulo, João Dória e o candidato do Novo, partido que apoiou Bolsonaro no segundo turno de 2018, também aponta Lula como favorito, com 46% dos votos. Em conversa com apoiadores nesta terça-feira, 18, o chefe do Executivo sinalizou que viajará em fevereiro à Paraíba e ao Ceará, berço político do ex-governador Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto e, assim como Lula, também rival de Bolsonaro na eleição presidencial de 2022.

Embora enxergue em Moro um adversário inevitável, já que o pré-candidato do Podemos foi o juiz responsável por suas condenações na Operação Lava-Jato, posteriormente anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, Lula tenta não rivalizar com o ex-magistrado diretamente para não o alavancar. O ex-juiz Sergio Moro ironizou nesta segunda-feira, 20, o jantar que reuniu o ex-presidente Lula e Geraldo Alckmin no domingo, 19, em um restaurante na Zona Sul de São Paulo. Nova rodada da pesquisa Quaest Consultoria reforça o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições presidenciais de 2022.

Reduto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é a região na qual o atual presidente enfrenta maiores índices de rejeição. Em um eventual segundo turno entre Bolsonaro e Lula, o petista teria 53% dos votos, enquanto o atual presidente tem a preferência de 31% dos eleitores se a eleição fosse hoje. Se Lula enfrentasse Sérgio Moro, o ex-presidente venceria com 51% dos votos, com 25% para o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça.

A análise é a de que Moro e Ciro, que brigam pela terceira colocação com cerca de 8% das intenções de voto cada um, buscam desgastar a chapa Lula-Alckmin como forma de subirem nas pesquisas e forçarem a realização do segundo turno. Escalado por Bolsonaro para bater em seus adversários, Ciro tem feito críticas praticamente todos os dias tanto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem já foi aliado, quanto a Moro.

Em outra frente, a campanha do PT ficou incomodada com alguns ataques feitos por Ciro Gomes ao partido, mas Lula evitou reagir. Outros alimentam esperança de que, diferentemente do que ocorreu em 2018 em relação a Fernando Haddad, Ciro apoie Lula num eventual segundo turno.

Nessa lógica de que a contradição principal consiste na dicotomia democracia versus ditadura, é normal que Lula representando “naturalmente” a esquerda pretenda rachar o centro, trazendo Geraldo Alckmin para sua chapa. Sem contar que Lula, com a possível decisão de escolher o ex-governador paulista Geraldo Alckmin como seu vice, uma das figuras históricas do PSDB hoje em crise de identidade, se transforma ao mesmo tempo em um candidato do centro, tranquilizando os que ainda o veem como amigo das ditaduras de esquerda.

A sinalização do avanço da chapa Lula-Alckmin mexe no cenário das eleições em 2022, sobretudo com pré-candidatos que disputam a atenção de eleitores da chamada “terceira via”. O ex-presidente Lula é o único candidato que venceria as eleições de outubro contra o atual presidente Jair Bolsonaro em um eventual segundo turno.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira criticou a possível construção de uma chapa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, antigos rivais. O levantamento também mostra que 86% dos analistas políticos consultados apostam que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin deve seguir o caminho de vice na chapa de Lula nessas eleições presidenciais.

Lula também declarou, na última semana, ser contra a política da Petrobras de paridade de preços com o mercado internacional, mas não detalhou ainda ideias de modelos substitutos.

Por: Geovane Oliveira