Nos últimos dias dois episódios relacionados à classe médica geraram reações de indignação dos profissionais da saúde por meio das redes sociais e no âmbito das unidades hospitalares do Estado.

Um deles foi a ameaça e agressão sofrida por um médico em Paraíso do Tocantins, na terça-feira, 3, quando um policial civil sacou a arma e obrigou que o profissional atendesse seu filho. O outro se refere ao conteúdo das declarações contundentes da promotora de Justiça Roseli Maria de Almeida Pery. Ao criticar a gestão do Estado na saúde, a integrante do Ministério Público Estadual responsabilizou os médicos por, segundo ela, definir escalas de trabalho e plantões.

“São dois episódios em que foi atingida a classe médica num todo. O primeiro, uma agressão, uma grave ameaça incabível ao colega de profissão. E o outro caso os riscos de danos à imagem da nossa categoria ficou evidente. O sindicato deveria enviar advogados para dar respaldo ao colega, cobrar incisivamente o Estado por mais segurança nos hospitais”, disse o clínico geral Hugo Magalhães, que representa um grupo de profissionais. A diretoria atual do Simed se limitou em divulgar uma nota à imprensa sobre a questão do policial.

Segundo ele, a classe está “desprotegida” e não tem a quem recorrer para defender seus direitos. “Independente de um gesto impensado e desesperador de um pai, o policial, ao cobrar o atendimento ao filho, o médico não pode ficar desprotegido”, complementou Magalhães.

Já no caso das declarações da promotora, ele fez questão de ressaltar que respeita o trabalho dela, entende que suas iniciativas e ações têm surtido resultados positivos na condução da gestão da saúde pública estadual, mas “alguns pontos têm que ser esclarecidos”. “A imagem da classe médica em geral não pose ser arranhada dessa forma e não ter nenhum esclarecimento. Não queremos confronto com o MPE, que é muito útil nesse processo de melhoria da saúde, ou qualquer outra instituição. Entretanto, é preciso apenas mostrar para a opinião pública que os médicos não são os culpados pelo caos da saúde. E o que falta, além de melhor gestão, condições mínimas de trabalho para que a população tenha o atendimento digno e necessário”, finalizou.