Com a chegada da Expoara, a maior feira agropecuária do Tocantins, os olhos de todos se voltam para Araguaína, cidade que simboliza a cadeia produtiva do Estado. No entanto, enquanto diversas empresas e produtores locais se preparam para expor seus produtos, um setor vital para a economia da região não terá o privilégio de participar: a indústria de laticínios.
Recentemente, todas as empresas de laticínios que operavam em Araguaína fecharam suas portas. Isso inclui empresas como Laticínio Biana, instalada próximo à Vila Couto Magalhães, Brassgut, Duleit no Setor JK, e até mesmo a municipal, localizada no Daiara. Essas empresas, que outrora geravam receita e empregos, hoje representam um capítulo sombrio na economia local.
Araguaína possui um dos maiores rebanhos leiteiros do Tocantins. Contudo, sem as indústrias de laticínios, os produtores locais se veem obrigados a vender seu leite para empresas em outras cidades, como Colinas do Tocantins e Imperatriz, no Maranhão. A falta de apoio e políticas públicas adequadas é apontada como uma das principais causas dessa crise.
O pequeno produtor Seu Antônio, de Araguaína, ilustra bem a situação: “Com a inauguração do laticínio, investi todas as minhas economias na compra de gado leiteiro e hoje vivo em uma situação que não desejo nem para um inimigo. Tiro leite todo dia, mas não posso fazer queijo ou requeijão, pois sou proibido de vender em Araguaína. O leite puro não posso comercializar, a vigilância apreende, derrama nos nossos pés e ainda leva para a Delegacia. É uma vergonha, é uma humilhação!”
A situação de Seu Antônio não é isolada. Muitos pequenos produtores da região compartilham a mesma angústia. A administração dos ex-prefeitos Ronaldo Dimas e Wagner Rodrigues tem sido criticada pela falta de políticas fiscais e de apoio ao setor. A ausência de incentivos e a implementação de políticas ineficazes criaram um ambiente desfavorável para a manutenção das indústrias de laticínios, levando ao fechamento de empresas sólidas e ao enfraquecimento de toda a cadeia produtiva.
É evidente que a crise no setor de laticínios de Araguaína não se deve apenas a fatores econômicos globais, mas também a uma falha local em reconhecer e apoiar um setor tão vital. A ausência dessas indústrias não só prejudica os produtores locais, como também afeta negativamente a economia da cidade, que perde empregos e receita.
Neste momento crítico, é imperativo que novas políticas públicas sejam implementadas para revitalizar o setor de laticínios em Araguaína. Incentivos fiscais, apoio técnico e investimentos em infraestrutura são medidas essenciais para garantir que os produtores locais possam continuar suas atividades de forma sustentável e lucrativa. A Expoara deveria ser uma vitrine para a força produtiva de Araguaína, mas sem a presença do setor de laticínios, ela também serve como um lembrete doloroso das falhas de políticas públicas que precisam ser urgentemente corrigidas.
Por: Geovane Oliveira