O governo distribuirá R$ 1 milhão em emendas para os deputados que votarem contra o impeachment e R$ 400 mil para aqueles que não comparecerem ao pleito. Em ambos os casos, os valores seriam usados para a construção de obras nos redutos eleitorais dos parlamentares que aceitarem a oferta de Dilma Rousseff. A informação é do jornalista Ricardo Noblat, em seu blog no site do jornal O Globo. A estratégia, na visão do deputado federal Caio Narcio (PSDB-MG), é mais uma amostra do desespero do governo diante de seu iminente fim.
“O governo está em estágio terminal, fazendo todas as tentativas legítimas e as ilegítimas. Ao longo desses últimos anos, principalmente, o que nós sabemos é que o governo não tem medida, é um governo inescrupuloso, está acabando o tempo deles e eles estão fazendo tudo o que pode e o que não pode, oferecendo cargo, ministérios, emendas, empenhos”, criticou o parlamentar mineiro.
“Isso aí é o método do PT. Comprar, extorquir, ameaçar, oferecer vantagens, é a maneira que eles fazem política no Brasil. É mais um episódio que confirma a necessidade de que eles saiam rápido, porque ninguém mais aguenta esse povo sem escrúpulos”, completou Narcio.
As semelhanças do plano de Dilma com a estratégia adotada, sem sucesso, em 1992 por Fernando Collor de Mello – que fez um verdadeiro loteamento de seu governo para tentar impedir o impeachment – também foi alvo de análise de Caio Narcio. O mineiro destacou que, assim como aconteceu nos anos 1990, a tentativa desesperada de a presidente transformar seu governo em um balcão de negócios não surtirá efeito.
“O desespero é o mesmo do de Collor. Hoje, o maior estímulo que qualquer parlamentar tem é o da sobrevivência, então como ele vai justificar não ter votado contra o impeachment ou ter faltado? A cobrança vem da rua, e não das benesses. A nossa visão é de que não tem mais condições. Esse governo acabou”, encerrou o deputado.
Ministérios
Além dos valores oferecidos para as obras nos estados dos parlamentares que aceitarem a proposta do governo, o blog do Noblat destaca que Dilma vem oferecendo ministérios para os partidos ainda indecisos em relação à votação do impeachment. Ao Partido Progressista (PP) – que já comanda o Ministério da Integração Nacional -, por exemplo, foi oferecida a pasta da Saúde. Além da legenda, o governo ainda tenta convencer parlamentares do Partido da República (PR) e Partido da Social Democrático (PSD), siglas com mais parlamentares que ainda não se decidiram sobre o impeachment de Dilma.