
O ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse (Agir), deixou na manhã desta quarta-feira (19) o Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em Palmas, após 65 dias de prisão preventiva. A liberdade foi concedida por meio de uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ), assinada na noite anterior pelo ministro Antônio Saldanha Palheiro, que revogou a custódia e substituiu por medidas cautelares.
A decisão do STJ atendeu a um pedido de habeas corpus da defesa, que argumentou não haver motivos para manter a prisão preventiva. Carlesse e seu ex-secretário (e sobrinho), Claudinei Aparecido Quaresemin, agora devem cumprir medidas como:
- Comparecimento bimestral em juízo;
- Proibição de contato com outros investigados e testemunhas;
- Restrição de circulação para fora da comarca;
- Entrega do passaporte à Polícia Federal em 48 horas;
- Inelegibilidade para cargos públicos no Tocantins.
O descumprimento de qualquer condição resultará no retorno à prisão. A defesa comemorou a decisão, classificando-a como “justa”, enquanto o Ministério Público afirmou que as investigações continuarão normalmente.
Carlesse foi preso em 15 de dezembro de 2024, quando seguia para uma fazenda em São Valério. Investigadores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) alegaram que ele e Quaresemin planejavam fugir para o Uruguai ou Itália, onde teriam alugado uma casa por 1,5 mil euros mensais e obtido documentos de residência.
A Justiça Estadual havia negado seis pedidos de liberdade, argumentando que a retenção do passaporte não seria suficiente para evitar a fuga, já que o Uruguai permite entrada de brasileiros sem o documento. A defesa rebateu, afirmando que as viagens ao exterior eram para “férias e negócios”, não evasão.
Carlesse enfrenta pelo menos cinco investigações, incluindo corrupção, lavagem de dinheiro, fraude em licitações e organização criminosa. As operações Hygea e Éris, que investigam desvios de R$ 44 milhões em propinas no plano de saúde de servidores públicos e aparelhamento da Polícia Civil, são as mais emblemáticas.
Ele renunciou ao cargo em 2021 para evitar impeachment, mas as investigações prosseguiram. Em 2024, a Polícia Federal encontrou indícios de fraude em licitações de 2018, ligadas à extinta Secretaria de Infraestrutura, e revelou diálogos sobre o suposto plano de fuga.
Geovane Oliveira ,com informações de G1 Tocantins, O Globo.