Ouro Preto foi a cidade escolhida para abrir um novo foco de organização para a esperança e a resistência.

Nesta quinta-feira (21), durante a entrega da Medalha Tiradentes para um dos nomes mais importantes do cenário social, o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, cerca de 3 mil militantes de vários Movimentos Populares se reuniram para dar abertura à Marcha pela Democracia.

Após o grande espetáculo de horror realizado no domingo pela Câmara dos Deputados, que aprovou o início do processo do impeachment da presidente Dilma, os movimentos organizados na Frente Brasil Popular intensificam suas ações. Afirmando que os trabalhadores brasileiros irão barrar o golpe nas ruas, as falas do discurso de Mujica inspiram a caminhada.

“Os únicos derrotados são os que deixam de lutar. Mas vocês têm de saber que não há um prêmio no final do caminho. O prêmio é o caminho mesmo, é o andar mesmo. (…) Esquerda e direita são inventos da Revolução Francesa. Na realidade, são caras permanentes da condição humana, como as caras de uma moeda, e fluem e refluem permanentemente na história.”

Em direção à Mariana

Hoje, 22 de abril, são dados os passos iniciais de um caminho longo: 191km de Ouro Preto à capital Belo Horizonte. Já com os primeiros raios da manhã a marcha mostra seu caráter mais humano: a solidariedade e convivência entre as pessoas.

 

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Assim, os militantes levantaram acampamento, ergueram seus símbolos de resistência popular e sua disposição para o diálogo com a sociedade. Marchando por 5 comunidades do interior de Minas Gerais, pretende-se escancarar não só o forte ataque à Democracia, com o inicio da implementação de um Golpe levado a cabo pelos questionáveis parlamentares, mas também visando relacionar outros fatos e territórios.

Um deles é a cidade de Mariana onde ocorreu há poucos meses a imensa destruição ecológica ocorrida com o rompimento da barragem de Fundão, devastando o Rio Doce. Destruição de responsabilidade das empresas Vale e Samarco, financiadoras dos políticos que no domingo afirmaram representar suas próprias famílias no Congresso Nacional. Estes representam também os interesses de grandes corporações, do agronegócio, dos bancos e outros setores da elite brasileira, subordinada à elite internacional.

O Brasil tem estado no meio de um grande abalo sísmico-político nacional e a efervescência, a vibração em torno da defesa da democracia e dos direitos do povo aumenta. A atual instabilidade passa a se mostrar cada vez mais como uma janela para mudanças. Assim, o povo brasileiro se direciona para a busca da ampliação de seus diretos e a conquista da real democracia.

A marcha cruzará o interior rumo à periferia da capital mineira, para somar a luta e o debate aos setores mais marginalizados da América.

Dilma foi a primeira a sofrer com a indignação de parte da população brasileira, muito inflamada pela central golpista, a Rede Globo. Mas agora as vozes se somam: os gritos de denúncia contra Cunha e Temer passam a ser multiplicados, ecoando por todo o Brasil.

Escancara-se a contradição mais evidente: o problema não são os peões que estão no jogo, é preciso mudar as regras no tabuleiro da política. Neste ponto os movimentos sociais em marcha afirmam: somente uma profunda Reforma Política poderá limpar a lama de corrupção que tomou o congresso e as estranhas do Estado brasileiro.

Em Marcha o povo vai seguindo. Movimentando ideias de um outro mundo possível, onde a função da política seja de fato colocar limite à dor e à injustiça. O Brasil é muito grande, muito forte, mas tem muitas feridas. Há que defendê-lo, mas há que se entender que já não estamos no século passado e o desafio é outro. Por isso marchamos.

mst